Por Cibele Laurentino
Entre a Luz e as Trevas constrói uma narrativa instigante ao articular duas histórias femininas aparentemente distantes, mas profundamente conectadas por escolhas, culpas e heranças espirituais. O romance se insere no campo da literatura espírita contemporânea sem abrir mão de tensão dramática, densidade psicológica e questionamentos éticos que atravessam a condição humana.
Cassandra, personagem central de uma das linhas narrativas, administra um bordel frequentado por homens poderosos espaço simbólico onde poder, desejo e hipocrisia se entrelaçam. Longe de ser retratada de forma estereotipada, Cassandra é construída como uma mulher complexa, atravessada por paixões intensas e vulnerabilidades profundas. A entrega amorosa, seguida pela traição, inaugura um processo de ruptura interna que a conduz ao terreno da vingança. É nesse momento que a figura de Jonas surge como força obscura, exercendo influência sobre seus pensamentos e decisões, tensionando os limites entre vontade própria e manipulação espiritual.
Paralelamente, a narrativa nos leva a uma ilha isolada, onde uma curandeira vive à margem do mundo, dedicada à criação da neta após o desaparecimento enigmático da filha. Esse segundo núcleo narrativo introduz uma atmosfera de recolhimento, espiritualidade e saber ancestral, funcionando como contraponto simbólico à vida de excessos e conflitos morais de Cassandra. A pergunta que sustenta o romance o que une essas duas mulheres? é conduzida com habilidade, mantendo o leitor em constante estado de expectativa.
O grande mérito de Entre a Luz e as Trevas está na forma como articula o conceito de livre-arbítrio à responsabilidade espiritual. A obra não apresenta o espiritismo como mero pano de fundo doutrinário, mas como eixo estruturante da narrativa. As escolhas feitas pelas personagens, sobretudo quando guiadas por sentimentos como ódio, desejo e ressentimento, abrem brechas para a ação de espíritos obsessores, revelando as consequências inevitáveis de atos cometidos não apenas no presente, mas em existências passadas.
A escrita aposta em um tom envolvente, por vezes sombrio, que dialoga com o conflito interno das personagens. A dualidade entre luz e trevas não se apresenta de forma maniqueísta, mas como forças que coexistem no interior humano, sendo constantemente acionadas pelas decisões individuais. Nesse sentido, o romance convida o leitor à reflexão sobre responsabilidade moral, reparação espiritual e autoconhecimento.
Entre a Luz e as Trevas é, portanto, um romance que transcende a narrativa de entretenimento para propor uma reflexão profunda sobre destino, espiritualidade e escolhas. Uma obra que dialoga com leitores interessados em histórias intensas, espiritualmente comprometidas e psicologicamente densas, reafirmando a literatura espírita como espaço fértil para discutir as sombras e as possibilidades de redenção da alma humana.
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