A escultura metálica que se tornou um dos marcos visuais da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo — apelidada de “Baleia B32” — protagonizou uma situação inusitada ao ser decorada para o Natal e, em poucos dias, transformar-se num dos mais comentados memes da web. A ornamentação natalina, feita pelo teatro que mantém o espaço, gerou reações tão intensas e bem-humoradas que a cena acabou gerando revisão imediata da decoração.
A peça, de impressionantes 20 metros de comprimento e 15 metros de altura, sempre foi vista como um símbolo de modernidade e identidade urbana no centro financeiro da capital paulista. Mas, com a chegada das festas de fim de ano, o teatro responsável resolveu acrescentar um gorro de Papai Noel ao monumento. A ideia era simples: deixar a escultura com um toque festivo e chamar atenção para as comemorações natalinas da região. O que ninguém poderia prever é que o acessório, devido ao seu tamanho e posicionamento, seria prontamente interpretado nas redes sociais como um formato sugestivo — despertando provocações, piadas e uma avalanche de postagens bem-humoradas.
Em poucas horas, a “baleia natalina” ganhou apelidos como “Moby Dick”, “Jebaleia” e “Pirorca”, transformando-se em fenômeno viral. A repercussão foi tão intensa que incluía montagens, trocadilhos e críticas, além de comparações a símbolos fálicos, o que gerou constrangimento e risos em igual medida. O episódio expôs não só a capacidade da internet de reagir ao inesperado, mas também os cuidados (ou a falta deles) que envolvem intervenções artísticas em espaços públicos.
Pressionado pela repercussão, o teatro responsável pela peça decidiu agir rapidamente. O gorro natalino foi reduzido de tamanho, reposicionado e ajustado para cobrir apenas a parte superior da escultura, em uma versão muito mais discreta. A administração da decoração justificou a mudança como consequência da necessidade de adequação após o alerta dos internautas. Novos elementos natalinos estão sendo preparados, mas com maior sensibilidade estética e com cautela para evitar novos constrangimentos.
Mais do que uma brincadeira típica da cultura de memes, o episódio revela como a arte pública e o design urbano estão sujeitas à subjetividade do público. Uma escultura que antes simbolizava elegância arquitetônica de um centro financeiro ganhou, num gesto de final de ano, o protagonismo de uma sátira coletiva. A “Baleia B32” mostra que, em tempos de redes sociais, qualquer detalhe pode gerar viralização — e que a linha entre decoração festiva e piada pública pode ser tênue.
O caso da baleia natalina de Faria Lima resume um fenômeno contemporâneo: o espaço público se transforma, instantaneamente, em palco de interações inesperadas, e o humor popular, muitas vezes, redefine o significado de uma obra quase imediatamente. E, por ora, a “baleia do Natal” segue sua imponente presença na cidade — mas desta vez, com um visual bem menos ousado.