Nhorrã, Rastros e Caminhos da Escravidão: Um Olhar Profundo sobre a Transição do Trabalho Escravo no Brasil
O romance histórico Nhorrã, Rastros e Caminhos da Escravidão* emerge como uma obra literária que oferece uma reflexão profunda sobre a transição do trabalho escravo para o “livre” no Brasil, revelando as complexidades e as feridas ainda abertas da sociedade brasileira. Ambientado em dois cenários emblemáticos do século XIX—uma fazenda de café em Vassouras e a capital da nova República, Rio de Janeiro—o livro narra a trajetória de Cosme e Merenciana, dois personagens que vivem os últimos dias da escravidão e os primeiros passos em uma vida de liberdade restrita.
A escolha de Nhorrã, palavra de origem quimbundo que significa “cobra”, como título da obra, já sugere a presença marcante da cultura afro-brasileira e sua simbologia ao longo da narrativa. A religiosidade afro-brasileira e a musicalidade do período são elementos cruciais na construção de uma interpretação da realidade dos negros no Brasil do final do século XIX. Esse pano de fundo cultural não só enriquece a história, mas também oferece uma visão sobre as formas de resistência e preservação da identidade africana em meio à opressão.
A trama vai além de narrar a história de dois ex-escravizados em busca de um lugar em uma sociedade que, embora juridicamente transformada, continua a ser profundamente racista. Ao longo da narrativa, temas como assédio sexual, perseguição policial, ancestralidade, exclusão social e posicionamento político são abordados de maneira a expor as camadas de preconceito que sustentam a estrutura social do Brasil, mesmo após a abolição da escravatura.
Nhorrã não é apenas uma obra sobre o passado; é um convite à reflexão sobre as raízes históricas das desigualdades raciais que ainda persistem. A obra propõe uma análise sócio-política crítica, mostrando que a luta pela liberdade e igualdade dos negros no Brasil não terminou com a abolição da escravidão, mas continua a ser uma batalha contra as diversas formas de racismo e opressão que ainda existem.
Primeiro escravizados, depois “livres”, os personagens de Nhorrã são donos de seus corpos, mas ainda vivem sob a sombra de uma sociedade que busca, incessantemente, subjugar os negros. A narrativa enfatiza a resiliência e a resistência desses indivíduos, que nunca se renderam às amarras impostas pelo racismo, seja na condição de escravizados ou libertos.
Nhorrã na 27a. Bienal de São Paulo, dia 08/09, às 18h, no espaço da Editora Labrador, stand F81
Assim, Nhorrã, Rastros e Caminhos da Escravidão é mais do que um romance histórico; é uma obra que provoca e desafia o leitor a confrontar a realidade do racismo estrutural no Brasil, um tema que, infelizmente, continua a ser tão relevante hoje quanto era no século XIX.
Link de vendas:
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