O escritor Victor Leandro lança “Rio das Cinzas”, uma narrativa impactante que mergulha na dramática crise climática e social que assola o Amazonas. Com uma abordagem visceral e humanista, a obra expõe a complexa teia de corrupção e destruição ambiental, repercutindo uma das mais graves crises contemporâneas da região.
Conhecido por sua sensibilidade em captar os grandes temas do Amazonas, Victor Leandro, em “Rio das Cinzas”, não hesita em desvendar um complô entre governo e um sindicato mafioso de garimpeiros que remete aos cartéis de drogas. Logo no capítulo de abertura, intitulado “Capital”, o leitor é confrontado com a naturalidade de um empreiteiro vigarista ao discorrer sobre o sistema parasitário de corrupção enraizado no estado. O que inicialmente parece um monólogo revela-se um diálogo afiado, expondo a verdadeira face do poder longe dos olhos do público.
A trama ganha urgência com o retorno de Estevam, o protagonista, a Manaus. Em um cenário sufocado pela fumaça das queimadas, sua missão é resgatar vítimas da violência e do envenenamento causados pelo garimpo na Floresta Amazônica. Com poucos recursos e enfrentando a burocracia atroz e os perigos da mata, Estevam encontra apoio em moradores locais, como o Seu Raimundo, que o guia até a experiente mateira Noeme. A jornada é uma corrida contra o tempo, repleta de percalços e embates com capangas dispostos a matar. A luta pela sobrevivência individual espelha a agonia da floresta e de seus rios, que agonizam e se transformam em cinzas, provocando no leitor uma mistura de emoção e angústia nas eletrizantes páginas finais.
Em meio a essa turbulência, o livro reserva espaço para cartas carregadas de emoção, escritas por uma filha abandonada pela mãe em terras dominadas pelo garimpo. Entre o rancor e o perdão, a missivista atormentada revela o drama individual que se entrelaça com a ganância humana e a destruição ambiental. “Rio das Cinzas” tece uma rica tapeçaria social, conectando os dramas subjetivos à esfera coletiva, demonstrando a retroalimentação entre o espaço individual e o contexto social. A obra se apresenta como uma leitura fundamental para todos aqueles interessados na literatura e na vida do Amazonas, por ser um retrato “triste, escandaloso e fundamental”.
Sobre o Autor:
Victor Leandro é graduado em filosofia pela UFAM e doutor em sociedade e cultura na Amazônia pela mesma instituição. Sua trajetória literária inclui o prêmio nacional Luiz Ruas (2011) pelo ensaio “O norte impossível – ficção memória e identidade em narrativas de Milton Hatoum”. Em 2020, publicou “O artista do fracasso” (Editora Saramago) e a novela “Estocolmo” (Editora Transe). Em 2023, recebeu menção honrosa pelo romance “O Fantasma e a Travessia”. Atualmente, é professor de filosofia na Universidade do Estado do Amazonas.
Ficha Técnica:
- Páginas: 105
- Coordenação Editorial: Luana Aguiar
- Projeto Gráfico: Wilson Prata
- Fotografias: Raphael Alves
- Valor: R$ 40
- Disponível para venda: @temiporalivros (WhatsApp: 92985263137) e @editoratranse
