
Paris Fashion Week
A mitologia brasileira chega à passarela global com força estética e narrativa. Uma marca nacional atravessou o Atlântico para apresentar uma experiência imersiva em Paris Fashion Week, tendo como musa a lendária Iara — figura emblemática das águas brasileiras. Ao unir moda, arte e tecnologia sensorial, o projeto propõe uma releitura contemporânea do folclore com impacto visual e emocional.
O desfile trouxe ao público uma caminhada por cenários aquáticos, com elementos cenográficos que remeteram à atmosfera misteriosa dos rios e represas. Tecidos fluidos, brilhos perolados, texturas orgânicas e cores que variam dos verdes profundos ao azul translúcido compuseram looks que evocam o habitat da sereia brasileira. A trilha sonora imersiva completou a ambientação, com sons de correnteza, canto distante e batidas inspiradas no ritmo das águas.
No centro dessa proposta, a Iara é mais do que inspiração estética — é voz narrativa. As peças carregam simbolismos que ocupam corpo e alma, entre rendas que sugerem redes, transparências que sugerem reflexos na água e adereços que lembram escamas. É uma construção sensorial, onde a beleza dialoga com mitos e identidades culturais brasileiras.
Do ponto de vista comercial e simbólico, a marca demonstrou ousadia ao levar sua identidade para um dos maiores eventos de moda do planeta. O protagonismo colocou a cultura popular em evidência, trazendo diversidade de referências para um público acostumado com narrativas convencionais de elegância e luxo.
Profissionais de moda, influenciadores e jornalistas presentes no evento comentaram o choque de originalidade. A escolha de imergir o público em um universo narrativo, e não apenas apresentar roupas, foi vista como passo estratégico: emocionar primeiro, vestir depois. Nessa lógica, a coleção se destacou tanto pelo design quanto pela experiência que envolve o usuário.
A iniciativa também chama atenção por mostrar como a criatividade brasileira pode se colocar na linha de frente da moda global ao aliar conceito e técnica. A produção reforçou a ideia de que sustentabilidade — por meio de materiais eco-friendly e valorização de recursos naturais — e inovação podem caminhar lado a lado com a cultura local.
Mais importante: o projeto abriu caminho para novas vozes no universo fashion. Ao inserir elementos da cultura folclórica em um desfile de alto impacto, ocorre o redesenho da estética global, com abertura para pluralidade simbólica. Isso reforça uma tendência contemporânea que valoriza a identidade narrativa em coleções de moda.
Ao encerrar sua apresentação em Paris, a marca brasileira não apenas apresentou roupas — ofereceu um mergulho poético na ancestralidade cultural. Em meio a olhares fascinados, despertou curiosidade por uma Iara reinventada, que canta contos das águas e traz consigo o frescor de mitos tropicais. Esse é o tipo de moda que não se veste. Vive-se.